quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O significado da candidatura de Marina...

Marina, dona de uma trajetória de luta na floresta, ainda com Chico Mendes. É tida como honesta, íntegra. É mulher e disputa a Presidência, universo de ampla maioria masculina.
Possui ainda história de vida semelhante à de Lula: filha de retirantes, nascida no seringal no Acre, de infância pobre. Também de sobrenome “Silva”, como Lula gosta de realçar.
É provável que muitos trabalhadores olhem com expectativa para a ex-ministra. Que se agarrem a sua biografia, ignorando o restante.
Há enormes contradições, a começar pelo PV. O partido usa a defesa do meio ambiente para apresentar-se acima das classes, imune aos podres poderes da espécie humana. Todo partido está a serviço de uma das classes sociais. E o PV está longe de ser um partido operário, de trabalhadores. É um partido burguês, que em cada estado serve a outro partido maior, como se fosse uma legenda de aluguel. E tem em sua direção Zequinha Sarney, filho do ex-presidente do Senado, uma ligação direta com o mais repudiado político brasileiro e um dos grandes representantes ruralistas brasileiros. Na Bahia, está com o PT. É aliado ao DEM, com Kassab, e ao PSDB, nos governos de Serra e Aécio.
A imagem de Marina ao deixar o governo foi de alguém coerente, que não aceitou acordos com os que destroem a natureza. Mas não foi isso. Ela foi ministra durante as maiores agressões ao meio ambiente. O Brasil liberou os transgênicos e aprovou a transposição do rio São Francisco, o que nenhum governo de direita tinha conseguido. Permitiu usinas no rio Madeira. O desmatamento na Amazônia foi recorde, com ampliação da soja e do gado. As florestas foram privatizadas. Esses ataques à ecologia foram justificados e legitimados sob a tese do “governo em disputa”.
Não havia disputa. Ao permanecer como ministra, desde 2002, Marina prestou um papel lamentável – emprestou sua biografia, seu prestígio internacional a um governo que sempre esteve ao lado do agronegócio. Seu balanço foi o de ter participado de ataques históricos ao meio ambiente e de um governo que destruiu a Amazônia como poucos. Ao ter permanecido tanto tempo, tornou-se cúmplice.
A atuação de Marina como ministra foi consequência de uma tese, a do desenvolvimento sustentável. Supõe um modelo onde as empresas respeitem os limites da natureza. Significa, na prática, limitar os lucros. Essa tese foi o carro-chefe de Lula. Eleito, prevaleceram os interesses das empresas.
A natureza do capitalismo, do lucro, se acentua na crise econômica. Da mesma forma que as empresas aumentaram a exploração para manter a taxa de lucro, também aceleram a destruição da natureza.
Há outras razões que tornam ainda mais utópica essa defesa – a forte presença das multinacionais e a dependência da economia brasileira. Essa é também a causa da pressa nas licenças das obras do PAC.
A defesa do mesmo programa do PT e do governo Lula, apostando na boa fé capitalista, levará a derrotas. Insistir nessa tese é enganar os trabalhadores. Os que falavam em ética hoje defendem Sarney como “mal menor”. Os que erguiam bandeiras ecológicas são os pragmáticos de hoje.

OUTRO PONTO IMPORTANTE

O tabuleiro das eleições de 2010 se alterou drasticamente, com o convite do Partido Verde (PV) à ex-ministra Marina Silva para disputar a Presidência da República. O PT e o governo reagiram rapidamente. Senadores petistas tentaram fazer com que ela permanecesse no partido, sem sucesso. Em pouco tempo, todos já davam como certa sua candidatura a presidente. A novidade altera a eleição, polarizada entre José Serra (PSDB), pela oposição de direita, e Dilma Rousseff, como herdeira de Lula.
Com uma trajetória de esquerda e defendendo a causa ambiental, Marina ocupa um espaço decisivo. O PV estima obter ao menos 10% dos votos, grande parte no eleitorado de esquerda. Entre os que se desapontaram com Lula e os que apoiam o governo. Assim, a candidatura é um obstáculo para Dilma e um presente para a oposição de direita. O certo é que sua entrada contribui para garantir ao tucano um segundo turno. O PSDB agradece.
Há antecedentes na manobra tucana. Nas eleições municipais no Rio e em São Paulo, candidaturas “alternativas” foram impulsionadas diretamente pelo PSDB. Em comum, posições ou trajetórias de esquerda, um perfil ético e independente, desvinculado de políticos tradicionais. Ocuparam espaço entre setores desiludidos com a política. Pela internet, conquistaram segmentos da juventude que provavelmente ignorariam a eleição.
Em São Paulo, a vereadora Soninha Francine deixou o PT e se lançou pelo PPS. Com posições avançadas sobre drogas e aborto, retirou votos de Marta Suplicy (PT), derrotada por Gilberto Kassab (DEM). Admiradora de Serra, Soninha obteve 4% dos votos válidos. Em São Paulo, Soninha integra a coalizão DEM-PSDB em uma subprefeitura.
Mas foi no Rio onde a fórmula tucana teve mais sucesso. Fernando Gabeira (PV) polarizou a cidade. Nem mesmo a coalizão com o PPS e o PSDB e o apoio do DEM no segundo turno impediram que fosse visto como representante “da esquerda”. Por muito pouco não derrotou Eduardo Paes (PMDB), apoiado por Lula.
A trajetória de Gabeira confunde. Ex-guerrilheiro, fundador do PV, ex-petista, famoso por “ousadias” de comportamento e política, cultiva uma imagem de independência, que se encaixa como luva na estratégia tucana. É como se flutuasse acima das estruturas dos partidos, sem se submeter aos caciques ou aos que financiam as candidaturas. Ilusão. Candidato ao governo do Rio, está com Serra, mesmo com Marina candidata pelo PV. É o preço do apoio tucano.

Contribuição de Gustavo Sixel

9 comentários:

  1. Cinco motivos pra não votar em Marina da Silva

    1 - Para quem acompanha o discurso de Marina Silva não chega a ser exatamente uma novidade. Quando o Banco Central decidiu subir a taxa de juros, enquanto José Serra criticava a medida, e Dilma tentava passar ao largo da polêmica, Marina não hesitou em apoiar Henrique Meirelles. A candidata também defende abertamente a “autonomia de fato” do Banco Central.

    2 -Para elaborar seu programa de governo, a ex-ministra convocou uma equipe de economistas neoliberais, cogitando até mesmo o nome do ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, que comandou a economia durante o governo Itamar Franco.

    3 -Se Marina Silva não se distingue de Dilma e Serra com relação à política econômica, ela pelo menos traz à tona o discurso ecológico, certo? Errado. Com relação à usina de Belo Monte, por exemplo, que contrapõem radicalmente ambientalistas e comunidades indígenas de um lado, e governo e empreiteiras de outro, a ex-ministra nem se posiciona contrária ao projeto. Defende tão somente “maior tempo” para se discutir a questão.

    4 - Marina prega o discurso do desenvolvimento sustentável, ou seja, não vê qualquer contradição entre capitalismo e “sustentabilidade”. Isso se expressa na escolha de seu vice, um dos donos da Natura e o 13º homem mais rico do Brasil, o empresário Guilherme Leal, cujo patrimônio é estimado em 2,1 bilhões de dólares. A relação entre o gigante dos cosméticos e a senadora, porém, não é recente. A empresa foi a maior doadora da campanha eleitoral de Marina em 2002. (curioso não?!)

    5- A empresa, porém, tão afeita ao discurso da sustentabilidade, tem uma ideia bem peculiar do que seja isso. Exemplo disso é o processo movido em 2009 pelo Ministério Público Federal contra a empresa, acusada de “biopirataria” no Acre, o mesmo estado de Marina. Segundo o MPF, a Natura teria usurpado um fruto utilizado por índios da região, o murmuru, para a produção de shampoos e sabonetes, patenteando o fruto. Ou seja, a empresa utilizou um conhecimento milenar dos indígenas para lucrar e ainda quis se tornar proprietária do fruto. Questionada, Marina limitou-se a afirmar que tal disputa era “natural”.


    Rogério Quaresma

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  2. A complexidade da politica me assusta.Mas o que me assusta msm é saber que qualquer um pode estar lá.

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  3. Ainda assim, acho ela a mais preparada, pois veio de baixo e sabe valorizar o que tem.

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  4. Achei o post bem legal. Parabéns pelo blog.

    Depois dá uma passada no meu blog e se gostar
    siga e comente.

    http://orytchasblog.blogspot.com

    Forte abraço

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  5. a marina lins tá doida em achar que sua chará ta preparada...
    so se for pra se casar com o tarzan.
    A Marina da Silva é uma traíra
    DILMA 13!!!!!!!!!
    PT NA KBÇA!!

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  6. Penso ser uma boa pessoa, mais acho que para a presidência ainda não esta preparada.

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  7. Vim agradecer a sua visita ao meu Blog.Sucesso e Boa semana.

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  8. Marina Lins disse...
    Ainda assim, acho ela a mais preparada, pois veio de baixo e sabe valorizar o que tem.

    De que adianta vir de baixo e saber valorizar o que tem, se não saberá lutar pelo Brasil como nós precisamos?



    Creio que assim como Dilma e Serra, Marina é mais uma fachada ambulante que tenta colocar um Outdoor ilusório na frente de sua verdadeira história política e acaba enganando a grande parte dos eleitores que não buscam fontes confiáveis de informações, para puder julgar de forma correta os candidatos... Pobre Brasil de pessoas que não buscam o conhecimento...

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  9. Olá! Estava navegando na blogosfera e me deparei com teu blog.
    Adorei! Adoro fazer novas amizades.
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    Bjs doces como mel da

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